Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher é celebrado, na maior parte dos países, em 8 de março. Por questões variadas e culturais, de país a país, o tratamento social vivido pelas mulheres é desigual: igualdade completa em alguns países, submissão total em outros, com alguns locais variando entre tais extremos - direitos garantidos para as mulheres, mas com pouca aplicação real.

As imagens de “pureza total” e de “pornografia extrema” ainda são referenciais fortes ligados à condição da mulher, muitas vezes indicando suas condições de “inferioridade” social (piores salários, dificuldades de ascensão profissional em igualdade com os homens etc.) e de aceitação social de crimes contra elas (espancamentos, exploração sexual, estupros, homicídios etc.).

Imagem 1 - Condição difícil da Mulher

Tais condições inaceitáveis indicam a importância de enfatizar os problemas das mulheres no mundo atual.


Histórico de 8 de Março

Na segunda metade do século XIX organizações femininas começaram a surgir e lutar pelos direitos das mulheres no trabalho, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Não apenas as mulheres sofriam com o desenvolvimento da Revolução Industrial: todos os trabalhadores eram submetidos a jornadas de trabalho de 15 a 16 horas por dia, seis dias por semana (muitas vezes nos domingos também), além das péssimas condições no local de trabalho, exploração do trabalho infantil, entre outros problemas.

A luta pelo direito ao voto das mulheres também foi uma das motivações políticas desses movimentos, sendo que uma das primeiras manifestações pela causa ocorreu em 1893, na Nova Zelândia, com a liderança de Kate Sheppard. No Reino Unido foi criado, em 1897, a União Nacional pelo Sufrágio Feminino, pela escritora e militante Millicent Fawcett.

Imagem 2 - Millicent Fawcett

Em 1908 ocorreu, nos Estados Unidos, uma grande manifestação em Nova York reunindo cerca de 15 mil mulheres, exigindo menos horas de trabalhos, melhores salários e direito ao voto. No ano seguinte, o Partido Socialista da América instituiu o dia 28 de fevereiro como a data do Dia Nacional da Mulher.

Em 1910, na II Conferência Internacional das Mulheres Trabalhadoras, em Copenhague, Dinamarca, foi aprovada uma resolução para a criação de uma data para as mulheres, procurando determinar, simbolicamente, um momento da sua luta por igualdade e unificando as manifestações mundiais. A resolução foi proposta por Clara Zetkin (líder do Gabinete pela Mulher, do Partido Social-Democrata na Alemanha) – mas não foi definido um dia exato.

Imagem 3 - Clara Zetkin

Em 1911 alguns países (Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça) utilizaram o dia 19 de março como o Dia Internacional da Mulher, conseguindo produzir grandes manifestações. Na Rússia, entre 1913 e 1914, antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, a celebração do Dia Internacional da Mulher ocorreu no dia 23 de fevereiro.

Muitos historiadores relacionam a criação da data atual com um incêndio ocorrido em 25 de março de 1911 numa fábrica têxtil, a Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, onde 146 trabalhadores (125 mulheres e 41 homens) morreram carbonizados – fato que estimularia muitos debates sobre a questão feminina nos anos seguintes.

Mas a relação mais direta com a data foi a manifestação de 90 mil operárias russas, ocorrida no dia 8 de março de 1917 (23 de fevereiro do calendário juliano, que era adotado na Rússia da época), em Petrogrado, protesto conhecido como “Pão e Paz” (pedindo por melhores condições econômicas e pela saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial), cujo impacto foi tão representativo que não ocorreu a típica repressão governamental (prisões, tiros etc.) no evento. A data seria “oficializada” em 1921.


Imagem 4 - Manifestação de 8 de Março de 1917, “Pão e Paz”

Em 1945 a ONU assinava um documento afirmando a igualdade entre Homens e Mulheres. Em 1975 foi comemorado o Ano Internacional da Mulher – e a data de 8 de março foi oficializada pelas Nações Unidas em 1977.


Mulheres no Brasil

No Brasil, as lutas das mulheres datam do começo do século XX, através da organização de grupos anarquistas, procurando melhores condições salariais e de vida.

O movimento sufragista das décadas de 20 e 30 estimularam as lutas das mulheres no Brasil: Berta Maria Julia Lutz ajudou a criar, no ano de 1919, o grupo Emancipação Intelectual da Mulher, embrião para o futuro Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, de 1922, culminando com o direito ao voto feminino estabelecido pela Constituição de 1932. A primeira mulher eleita deputada federal foi Carlota Pereira de Queirós, que tomou posse em 1934.

Imagem 5 - Berta Maria Julia Lutz

Na década de 70 podemos observar um crescimento significativo da luta por direitos das mulheres, sendo o movimento Quem Ama Não Mata (contestando o chamado “Direito à Honra”, onde um homem poderia matar uma mulher por ele se sentir ofendido por ela, principalmente no adultério), criado em 1980, um dos marcos relevantes, pois abriu os debates sobre o feminicídio que culminariam na Lei Maria da Penha, de 2006, que reconheceu publicamente a existência do problema de ataques contra as mulheres, tanto físicos como psicológicos, relacionados por sua condição de mulher.

Imagem 6 - Manifestação do Quem Ama Não Mata

Em 1982, foi criado o Conselho Estadual da Condição Feminina, em São Paulo, abrindo um diálogo direto entre as mulheres e as instituições estatais, momento que iria atingir um impacto relevante em 1985, com a criação da primeira Delegacia Especializada da Mulher.


Importância do Dia Internacional da Mulher

Muitos dos problemas das mulheres ainda existem, tanto no Brasil quanto no mundo: a mentalidade machista (definindo o papel da mulher como submissa ou valorizando apenas a beleza física para o sexo), desigualdades no trabalho (salariais, administrativas e de abusos sexuais), contestação quanto ao seu papel num estupro (como se a vítima pedisse pelo crime) etc. O Dia Internacional da Mulher procura destacar tais problemas.

Muitas situações foram vencidas pelas mulheres, outras não. A data procura mostrar universalmente o que aconteceu de positivo com as mulheres - e o que deve acontecer sempre no respeito de sua dignidade e existência.

Imagem 7 - Mulheres Unidas por seus Direitos

 

Autor
Prof. Dr. Orivaldo Leme Biagi
Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas e Pós-Doutorado pela Universidade de São Paulo. Professor dos cursos de Graduação e Pós-graduação do Centro Universitário UNIFAAT.



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Referências das Imagens:
Imagem 1: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41617235
Imagem 2: https://www.express.co.uk/news/uk/972431/millicent-fawcett-google-doodle-womens-rights-gender-equality-suffragette-feminism
Imagem 3: https://mst.org.br/2020/07/05/clara-zetkin-nossa-homenagem-a-lutadora-feminista-e-antifascista/
Imagem 4: https://opopularmm.com.br/8-de-marco-dia-internacional-da-mulher-e-dia-de-lutar-por-mais-respeito-30854
Imagem 5: https://unifei.edu.br/personalidades-do-muro/extensao/bertha-lutz/
Imagem 6: https://www.uai.com.br/app/noticia/pensar/2018/11/02/noticias-pensar,236733/quem-ama-nao-mata-e-relancado-com-novas-pautas-feministas.shtml
Imagem 7: https://novaescola.org.br/conteudo/301/por-que-8-de-marco-e-o-dia-internacional-da-mulher

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